domingo, 29 de janeiro de 2012

Aprimorando



A Associação Brasileira de Odontopediatria acabou de lançar o Manual de Referência para Procedimentos Clínicos em Odontopediatria.
Excelente conteúdo.
Uma diretriz para padronização do atendimento odontopediátrico com informações atualizadíssimas que teve como base científica o Manual elaborado pela Academia Americana de Odontopediatria e quarenta e oito consultores científicos com reconhecida experiência nas diversas faculdades do Brasil.
Ótima proposta.
O conteúdo muito rico, atual, uma delícia!!!!
Estou lendo para reler!!!!!

sábado, 14 de janeiro de 2012

Uso da chupeta

Instruções importantes para as mamães que adotaram o uso da chupeta.
Eu, particularmente, não indico. Acredito que a amamentação natural satisfaz a necessidade de sucção do bebê.
Nos casos de uso da chupeta vamos nos atentar para o objetivo da introdução do hábito, frequência e duração.



Chupeta: bandida ou mocinha?
Adriana Modesto*; Maria Cristina Ferreira de Camargo**
* Professora-Assitente do Departamento de Odontopediatria e Ortodontia da FO-UFRJ e Coordenadora da Clínica de Bebês da Odontopediatria da FO-UFRJ.

** Professora Titular de Odontopediatria da FO-Araras (UNIARARAS)


Atualmente, a chupeta é uma peça que faz parte do enxoval de todo bebê. As diferentes marcas, formas, cores e desenhos têm despertado uma atração irresistível para as mamães, mas, ao mesmo tempo, se confundem, no momento da escolha. Criticada por uns e indicada por outros, seria a chupeta uma verdadeira vilã ou uma simples mocinha?
A resposta para essa pergunta dependerá de qual é a sua freqüência, intensidade e duração de uso. Se for usada freqüentemente e/ou por um período prolongado, determinará a instalação do hábito e poderá prejudicar a amamentação materna, causar mal posicionamentos dentários, desvios no crescimento dos maxilares, alterações na deglutição e fonação. Porém, se for utilizada na saúde oral do bebê e no desenvolvimento dos arcos osteodentários, não deverá interferir na atividade de sucção nutritiva.
No ciclo natural evolutivo do bebê de 0 a 6 meses, ele deverá respirar bem, sugar e deglutir. A sucção é um impulso presente desde o nascimento, e servirá de treinamento para o segundo reflexo da alimentação: a mastigação. A sucção não visa somente a nutrição, mas também, a satisfação psicoemocional, de forma que cada bebê apresenta a sua necessidade individual de sucção que pode não ser satisfeita apenas com o aleitamento natural. Dessa forma, quando isso ocorre, a chupeta deverá ser usada racionalmente. Não deve ser oferecida, a qualquer sinal de desconforto, para acalmar o choro provocado por outros fatores, nem entendida como um artefato para apoio emocional, ou uma forma de lazer para a criança: não se recomenda que o bebê durma todo o tempo com a chupeta, devido a necessidade de manter a boca fechada, enquanto dorme, para criar uma memória muscular do contato entre os lábios e favorecer a correta respiração pelo nariz.
Mesmo entendendo a chupeta como um aparelho de sucção, que também poderá prevenir a sucção de dedo, é melhor que apresente as características mais anatômicas e funcionais possíveis para não provocar danos maiores na eventualidade de se formar um hábito. A chupeta deve ter o bico compatível com o tamanho da boca e com a idade do bebê. Além disso, é importante que a direção do longo eixo do bico esteja em uma posição inclinada para cima em relação ao apoio labial. Para os recém-nascidos, pode ser de látex ou de silicone e, para os bebês de baixo peso ou prematuros o tamanho do bico deve ser adequado, para não provocar um posicionamento incorreto com uma posteriorização da língua. O disco ou apoio labial deve ser de plástico firme e maior do que a boca do bebê para prevenir que a chupeta seja colocada inteira dentro da boca e para proporcionar uma vedação para que o bebê não coloque os lábios em cima do apoio. Deve ser recortado como um grão de feijão, para evitar uma conseqüente deformação na região anterior da arcada dentária e na base do nariz. Deve apresentar no mínimo dois furos de ventilação opostos com diâmetro de 5 mm e a distância do bico de 5 a 6 mm para favorecer a circulação de ar no rosto do bebê e prevenir irritações na pele causadas pelo acúmulo de saliva. Não precisa, obrigatoriamente, ter argola, podendo possuir apenas uma saliência para que a mãe possa puxar para estimular os exercícios de sucção ou para retirá-la da boca do bebê. Jamais deve ser amarrada ou pendurada ao redor do pescoço do bebê com fita, corrente ou fralda, pois além de haver risco de estrangulamento, pendurá-la e deixá-la acessível favorecerá a instalação do hábito.
      Quando o bebê chora, por falta de sucção ou por necessidade de sugar mais, mesmo estando alimentado, a mãe deverá estimular a sucção colocando a chupeta lentamente em contato com o contorno dos lábios do bebê e com toques leves, para que o bico seja umedecido e haja estímulo para o reflexo. O bebê, então, começará a sugar e a mão deverá segurar a chupeta e puxá-la com movimentos leves, como se fosse par retirá-la da boca, estimulando a sucção. Ao realizar esses exercícios várias vezes, a musculatura facial já deverá ter trabalhado o suficiente e a função de sucção deverá ter sido concluída. O bebê não desejará mais a chupeta e o hábito não se instalará. Adicionalmente, vale ressaltar que a chupeta nunca deve ser mergulhada em substâncias doces, para evitar e instalação de doença cárie.
      Para a segurança do bebê, o bico e o disco de plástico devem ser inspecionados freqüentemente para detecção de qualquer sinal de deterioração. Se o bico estiver inchado, rasgado ou pegajoso, a chupeta de ser trocada. Depois de cada uso, a mão deve verificar se o bico está bem preso ao disco de plástico para evitar acidentes.
      É fundamental que os profissionais transmitam às mães a informação de que a chupeta deve ser utilizada exclusivamente como aparelho para complementar a sucção na fase em que o bebê necessita desse exercício funcional que é um estímulo benéfico ao crescimento e desenvolvimento dos arcos dentários. Por isso, é muito importante que as mães realmente a utilizem unicamente para satisfazer a sucção, obtendo com isso, apenas os seus efeitos desejáveis. Sendo assim, após o término da fase de sucção, a criança estará apta para as fases subseqüentes de crescimento e desenvolvimento, i.e., sorver e mastigar, de forma que obtenha posteriormente o equilíbrio neuromuscular e dentofacial desejado pelo profissional que o monitora.
fonte: Jornal da APCD.

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Expressões inadequadas usadas no meio odontológico

Interessante artigo para os colegas e pacientes também:

a) materiais dentários; departamento de materiais dentários; disciplina de materiais dentários; consultório dentário; clínica dentária; exame dentário.
b) doenças da boca; doenças dos dentes; doença periodontal; doença gengival.
c) cárie do esmalte; cárie da dentina; cárie do cemento; cárie superficial; cárie profunda; cárie proximal.
d) tratamento dos dentes; tratamento da polpa; tratamento periodontal; tratamento gengival; tratamento de canal ou endodôntico; tratamento ortodôntico; tratamento da maloclusão; tratamento da classe I; tratamento da classe II; tratamento da classe III; tratamento do lábio leporino; tratamento da fenda palatina; tratamento da língua bífida.
e) saúde da boca; saúde dos dentes; saúde física; saúde mental.

Justificativas:
a) A expressão material dentário diz respeito a tudo aquilo procedente do dente como, prismas do esmalte, pó de dentina, fragmentos da polpa, etc. Ao passo que a expressão material odontológico significa material empregado no exercício da odontologia como, por exemplo, cimento, porcelana, óxido de zinco, etc.
Por isso, as expressões Departamento de Materiais Dentários e Disciplina de Materiais Dentários (muito usadas nas escolas de odontologia deveriam ser substituídas por Departamento de Materiais Odontológicos e Disciplina de Materiais Odontológicos).
Comprovação:1) Através de resíduos de materiais dentários foi possível provar a identidade de um dos astronautas do Columbia.
2) A loja X vende materiais odontológicos nacionais e importados.
A expressão: consultório dentário, não tem sentido e exame dentário é um procedimento restrito ao dente. O correto seria exame odontológico porque inclui a anamnese e os exames complementares.
b) O conceito de doença não permite o uso dessas expressões porque não existe doença local. Toda doença é geral e acomete a pessoa como um todo. A cárie dentária é uma doença geral como qualquer outra e se expressa sob a forma de lesão cariosa. A lesão cariosa é que pode atingir o esmalte, a dentina, o cemento e a polpa, como também incidir em qualquer face do dente de forma superficial ou profunda. Portanto, devemos dizer: lesão cariosa do esmalte, lesão cariosa da dentina, lesão cariosa proximal, lesão cariosa superficial, lesão cariosa profunda.
c) Essas expressões contrariam o conceito de doença. O segundo Princípio da Medicina Psicossomática informa: não existe doença local, toda doença é geral e acomete o indivíduo como um todo. Assim, qualquer parte do organismo pode estar lesada, mas não doente. Quem fica doente é a pessoa.
Trata-se do paciente, ou da doença, da lesão, da infecção, ou do tumor, etc., mas não de órgãos ou de partes do organismo. A doença cárie dentária se expressa sob a forma de lesão cariosa nos dentes. Seria, pois, correto dizer: tratamento da lesão cariosa superficial, da lesão pulpar, da lesão gengival, da lesão periodontal.
d) Os problemas ortodônticos não devem ser considerados como doença, mas sim, como anomalias e as anomalias não são tratadas, mas, corrigidas. Por que? Porque na doença não existe apenas “pathos” (sofrimento), mas também “ponos”, isto é, a luta do organismo para restabelecer a normalidade, e, isso não acontece nos problemas ortodônticos.
Segundo Hans Selye, o conceito de doença pressupõe um choque entre forças agressivas e nossas defesas.
Também o lábio leporino, a fenda palatina, a língua bífida não são doenças, são anomalias, por isso, devem receber uma correção e não tratamento.
e) Saúde é um estado da pessoa e não de órgãos ou de partes do organismo, por isso, não pode ser dicotomizada em saúde da boca, saúde dos dentes, saúde das gengivas, etc.
Observação:
Tenho recebido a colaboração de colegas acrescentando outras expressões inadequadas como:
•  A expressão cavidade bucal é usada erradamente quando se deseja determinar o local de uma alteração patológica. Sabemos através do dicionário Aurélio última edição, que essa expressão em anatomia patológica, significa local oco. Torna-se mesmo impossível imaginar um tumor num local oco. A denominação mucosa bucal ou mesmo boca segundo o saudoso Prof. Tommasi é a mais correta.
•  Outra expressão errada que é muito utilizada é a de Patologia para significar doenças. Segundo Aurélio Patologia é um ramo da medicina que se ocupa da natureza e das modificações estruturais e/ou funcionais produzidas por doença no organismo. O correto é dizer alterações patológicas.